Ludovico Persici e o Apparelho Guarany (1927) |
Em 1899 nascia o genial Ludovico Persici, em Alfredo Chaves. Em 1927, ele registrou um invento na Biblioteca Nacional, o cinematógrafo ou Apparelho Guarany, construído com peças de gramofone, de relógios velhos e latas de manteiga, que conseguia a proeza de filmar, copiar, medir e projetar as fitas. Mas sem recursos não pôde desenvolvê-lo e acabou não reconhecido na sua época. Além da genialidade inventiva, o relojoeiro Ludovico era, acima de tudo, um apaixonado pelo cinema. Andava pelas ruas de Castelo, onde faleceu em 1944, fazendo e projetando pequenos filmes. Além do cinematógrafo, Ludovico Persici também “inventou” o cinema no Estado. Foi o primeiro capixaba a fazer um filme, Bang Bang, em 1926, conforme o “Catálogo de Filmes – 81 Anos de Cinema no Espírito Santo", de Carla Osório. Em 2007 durante a II Mostra Capixaba de C&T realizada pelo Cine Clube Metrópolis, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) foi realizada homenagem ao inventor capixaba e precursor do cinema do Espírito Santo, Ludovico Persici com entrega de placa para seus familiares.
Apparelho Guarany
Aproveitava tudo que caía em suas mãos, tais como: máquinas de gramofones, de relógios de parede e ferro velho em geral. Fazia mil improvisações. Quando Ludovico transferiu-se para Afonso Cláudio, lá conheceu a sua futura esposa, que era natural de Conceição de Castelo, e com quem se casou no dia 21 de Dezembro de 1923. Decorridos alguns anos mudou-se para Conceição de Castelo, onde finalmente concluiu a sua máquina, que a patenteou no Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio do Rio de Janeiro, na data de Fevereiro de 1927. Com o seu retorno à Castelo começou a fazer filmagens relâmpagos, utilizando-se inclusive de suas irmãs e irmãos. Revelava os filmes que produzia, utilizando-se do mesmo procedimento como fotógrafo. Retornou as suas atividades no cinema local.
Ludovico Persici e o Apparelho Guarany (1927) |
Filmava, revelava e projetava. Era um engenho, ou melhor, máquina revolucionária e seu inventor um dos pioneiros do cinema do Brasil (patente no. 16476). Filmou o “Peão” Osório Eduardo de Souza que, com habilidade representou papel de mocinho em cenas de faroeste.
"O Sonho e a Máquina"
O Sonho e a Máquina é um documentário sobre Ludovico Percisi, um relojoeiro nascido em Alfredo Chaves – ES, descendente de italianos que se tornou pioneiro do cinema brasileiro e que nos anos 20 e 30 produziu uma série de curtas, filmados, revelados e projetados pela mesma maquina que inventou e que patenteou na Biblioteca Nacional.
Recorte de uma filmagem de Percisi (1927 - 1930) |
O documentário inclui vários trechos resgatados das produções de Percisi. O documentário do Viany inclui várias entrevistas com familiares e pesquisadores. Os negativos se encontram (talvez no antigo acervo da Cinemateca do MAM), mas no Arquivo Público do ES existe uma cópia em película (16mm).
Decadência e morte de Ludovico Persici
A história de Persici é a de um desajustado que entristecia a família com a atividade marginal que escolheu para viver. Uma família de relojoeiros, profissão em que Persici se iniciou ainda menino, assombrando os parentes pela habilidade. Seu trabalho de cineasta era considerado coisa de desocupado, e Ludovico sofreu fortíssima discriminação. Tornou-se alcoólatra, empobreceu e acabou em um hospital de Matilde, com tuberculose, aos 73 anos. Foi levado ao túmulo por uns poucos familiares e amigos.
O reconhecimento de seu talento e sua inserção na história oficial do cinema brasileiro deve-se ao jornalista Ronald Mansur, da TV Gazeta, que o descobriu, pesquisou sua vida e revelou sua trajetória na arte do cinema a Alex Viany.
Fontes:
http://www.seculodiario.com/arquivo/2004/janeiro/13/cadernoatracoes/cultura/13_01_03ct.asp
http://br.geocities.com/bravin_2000/imigra/imigracao/alfredochaves.htm
http://www.seculodiario.com.br/etnias/italianos/index12.htm
http://www.es.gov.br/site/noticias/show.aspx?noticiaId=99672505
http://www.maes.es.gov.br/cinememoria/ludovico.htm
http://intermidias.blogspot.com/2007_08_05_archive.html
Jornal A Tribuna, Vitória, Espírito Santo domingo, 29/06/2008 p.15
___________________________________
Por: Henrique Fiorin
Nenhum comentário:
Postar um comentário